Chalé de Afrodite

Afrodite é a deusa da beleza e da paixão sexual. Seus símbolos eram a pomba, a romã, o cisne e a murta. Seus filhos, em sua maioria, tem um dom chamado "charme", que é um forte poder de persuassão.

Monitora: Alice Hathaway

Mais um verão chegava, o que, para Alice, significava mais três longos meses no Acampamento Meio-Sangue. Esse ano, a garota havia chegado cedo ao Acampamento, inclusive, era a primeira do Chalé de Afrodite. Viera cedo por conta de uma viagem do pai à Europa no dia anterior e ela não queria ficar mais tempo sozinha.
Abriu a porta do Chalé e foi direto para sua cama. Arrumou suas coisas tranquilamente e depois foi tomar banho. Já era tarde quando tudo ficou pronto e ela decidiu sair para comer.

:: ENCERRADO ::

Andei casualmente por entre as árvores até o chalé de Afrodite. Parei na porta, analisando ao meu redor. Dei duas batidas consecutivas e tamborilei meus dedos na caixa em minha mão direita.

A porta foi aberta com um solavanco, como se quem abrisse já estivesse pronto para discutir com quem estivesse do outro lado.

“Gabe!”

A pele de Alice estava meio rosada na luz que vinha da porta, os seus cabelos louros brilhavam palidamente. Seus olhos esverdeados brilharam rapidamente quando ela olhou para mim, e seus lábios se esticaram lentamente formando um sorriso.

Seu sorriso genuíno me fazia lembrar quando havia chegado ao acampamento. Eu e ela havíamos chegados juntos. E ao contrario de todos, ela ficou ao meu lado. Ela era muito frágil, boa demais, preciosa demais para merecer esse destino. O destino de ser uma filha de Afrodite.
Eu podia lembrar-me daquela sensação, de ser apaixonado por Alice. Era como dormir em meio a guerra e acordar em um jardim. Era como aspirar abelhas e suspirar borboletas. Era como caminhar pela rua incerta e íngreme.

Olhei-a mais uma vez. O sorriso continuava lá, mas agora era algo diferente. Era irônico. Sedutor. Ela percebera que eu a analisava. A beleza continuava ali intacta. Mas a feição havia se tornada fria, calculista e egoísta.

Minhas lembranças avançaram um ano, após conhecer Alice. As imagens me atingiram em cheio.
Eu a esperava no primeiro dia. Ela corria se esquivando da chuva junto com suas amigas, sua mochila escorregando dos seus ombros, seu cabelo preso em uma trança mal feita que já dividisse perto de sua nuca. O grosso suéter verde que ela usava não era o suficiente para evitar que seus pequenos ombros tremessem com a névoa fria.

Alice corria com tanta pressa que ela quase passou por mim sem notar.
Então ela parou quase derrapando, seus joelhos travando em um solavanco. Sua mochila escorregou pelo seu braço e seus olhos se arregalaram quando me focalizaram. As amigas pararam juntas como si ela fosse a Alpha do bando. Eu sorri. Talvez fora esse meu erro.

Meu sorriso saiu um tiro pela culatra.
“Ora, ora. Vejam só si não é o traficante mirim. Eu tenho nada que você possa roubar hoje Gabe”. Meu sorriso se desfez como pólvora em tiro ou como cinzas ao vento. As garotas riam com ela. Ela se esqueceu de correr da chuva e apenas caminhou desviando das poças.

Eu balancei minha cabeça com agonia voltando ao presente. Ela ainda me olhava. Os cabelos loiros se tornaram negros e com um brilho ofuscante. Os labios ficaram carnudos e o sorriso não era mais irônico e sim gentil. Os olhos partiram do verde para o azul céu. A pele branca corou nas bochechas.

Eu me lembrei o que havia vindo fazer ali. Minhas próximas palavras fizeram o sorriso de Alice murchar.

“ A Isa esta?” Ela olhou a caixa em minha mão o laço vermelho não deixaria duvidas que fosse um presente. A raiva reluziu em seus olhos.

Essa era a Alice que eu conhecia. Amarga.

Eu acompanhei com um sorriso irônico ela si recompor.

"Ela está dormindo. Mas eu aviso que você veio. " Sua voz era fria. Ela começou a fechar a porta.

Dessa vez não Alice, você vai-te que me aturar!

Coloquei o pé no vão da porta. Os olhos de Alice se abriram rapidamente e focou em meu rosto. Eles se arregalaram por um momento, e depois se estreitaram por raiva ou suspeita. Eu lembrei que eu tinha uma encenação pela frente, então eu sorri pra ela como se fosse comum eu estar ali. Eu nunca havia sido, impertinente muito menos mal educado. Mas Alice, não merecia meu melhor.

Eu acho que vou esperar ela acordar. Posso?

Não esperei sua resposta, passei pela porta meio aberta, dei uma olhada em seus labios enquanto passava a centímetros do seu rosto. Sentei na cama que jurava ser de Alice, ao lado da cama de Isa. Observei as cobertas no chão e os lençóis enrolados por suas pernas. Enquanto eu olhava, ela se virou inquieta e colocou um braço por cima da cabeça. Ela não dormia profundamente. Olhei para Alice me observando de braços cruzados.
“Não si importe comigo Alice.” Eu disse em tom moderado “Sinta-se a vontade para terminar de se arrumar.”

Alice tinha se apoiado na crença que se eu não achei a beleza dela digna de idolatria, então certamente não existia beleza na terra que me alcançaria. Ela estava furiosa desde o momento que perguntei de Isa, adivinhando, com sua intuição feminina.

“Você deveria tirar os olhos um pouco do espelho Alice.” Me obriguei a continuar sentado na cama. “Acho que você esta confundindo as pessoas.”

Arqueie a sobrancelha não tirando os olhos de Isabella, abaixei o tom de voz, eu não queria acordá-la, ela era tão perfeita ate mesmo enquanto dormia, com seu cabelo escuro embaraçado e selvagem envolta de seu rosto pálido, usando um pijama de bichinho e uma calça rosa - ela me deixou sem fôlego.

"Qual é seu problema?" Eu disse me rendendo. "É tão difícil para você admitir quando uma pessoa é mais bonita que você? Que é mais sensata e não idiota como você? Você não percebe o quão infantil esta sendo ao me falar isso?"

Eu disse, meus olhos estavam mais frios e rudes do que antes.

“Esqueça tudo bem, continue no seu espelho. Eu não me importo o jeito que ela acordara e tenho certeza que ela não ficara brava. Ela não é você Alice, eu não tenho medo das reações de Isa.” Olhei para o chão controlando minha raiva

Com certeza ela conseguia sentir a brutalidade radiando em mim, com certeza seria aquele o motivo óbvio. Eu iria assustá-la se eu não acalmasse o desejo de massacre fervendo dentro de mim.

E quem você acha que é para me dizer quem ela é? Se eu não a conheço, você muito menos. Você não si importa em saber quem são as pessoas ao seu redor. E não te interessa quantas vezes eu a vi.

Analisei as palavras de Alice desde o dia que Isa havia chego, eu via ela todos os dias. Eu levantei e caminhei ate onde a garota estava, parei atrás dela no espelho e analisei seu rosto. Eu preferia mil vezes ela sem maquiagem.

Ela não sabe quem são seus pais verdadeiros, ela viveu em um orfanato. Eu encarei Alice pelo espelho, a expressão dela era ilegível. ”Quando ela chegou, ela não sabia nada. O namorado dela foi morto. Você sabia disso? Não logico que não. Você já perdeu alguém quem gostava Alice? ” Eu não deixei ela responder. ”Eu gostava de você, era sincero. Eu conseguia imaginar um futuro completo ao seu lado. Eu respirava você. Eu era idiota por você. Eu mudei, eu deixei de ser quem eu era. Eu reneguei meu passado. Eu tentei ser sempre o melhor, o melhor aluno, o melhor guerreiro. Para quem Alice?”

Ela ainda me olhava no espelho. Minha raiva sustentou meus próximos movimentos, eu a virei segurando pelo braço, girei seu corpo completamente para mim, segurei seus braços, fazendo ela me encarar.

“Para quem Alice?” Ela me olhava assustada, seus olhos estavam cheio de lagrimas ou talvez fosse alguma reação da maquiagem forte em seus olhos. E então eu me lembrei, eu nunca havia dito a ela o que eu sentia, nem mesmo quando era amigos. Eu não esperei sua resposta. “Para você.” Eu soltei seus braços levando as duas mãos a cabeça, bagunçando meu cabelo. Suspirei derrotado.

“Agora, não importa. Na verdade para você nunca importou não é mesmo.” Sorri amargurado e irônico. Virando-me de costas para ela. Meus olhos foram na garota na cama. “Deixa eu só te falar mais um coisa.” Eu disse sem me virar para ela. “Afrodite é Deusa do Amor e não da inveja, egoísmo e egocentrismo. Amor Alice, não senti raiva, não magoa e não machuca.”

Abaixei os olhos. Ouvi a voz de Isabella resmungou algo, um sorriso torto apareceu em meus labios. Virei para Alice novamente ainda sorrindo, ela olhava para Isa com raiva.

“Ela não é assim.”

Um movimento em minha visão periférica tirou meus olhos da porta do banheiro fechada.

Olhei para Isabella, ela estava sentada na cama chutando os lençóis, mas quanto mais ela chutava mais colava com sua pele. Sorri com a cena. Seus cabelos estavam embaraçados e colava em sua testa.
"Posso continuar aqui?" A voz era quase um sussurro, ela se jogou na cama novamente. Me tirando do transe que havia entrado enquanto a olhava. Ela ainda não havia notado minha presença.

Na verdade não. Você precisa levantar e se arrumar para festa, mas si quiser pode ir assim, sem problemas. Eu não tenho vergonha.
Ela me olhou, seus olhos ainda eram nebulosos o azul parecia meio fosco. Ela não tentou se arrumar rápido, não puxou o lençol para se cobrir, apenas sorriu. Como uma criança que acabara de ganhar um doce. Fui sentar na beirada de sua cama, ela se sentou. Olhando para ela me lembrei das palavras de Alice, seu eu te amo havia sido sussurrado aos prantos. Contemplei o rosto de Isa ela me analisava como quem procurasse respostas, uma de suas mãos levanto hesitante e foi ate minha testa, ela esfregou onde deveria estar uma ruga, relaxei o semblante com seu toque.
Peguei a caixa e coloquei em seu colo.

Comprei para você. Eu disse sorrindo torto, me lembrei ontem quando ela reclamou que seus vestidos haviam ficado em casa. Não é nenhum de marca, mas vai ficar lindo em você. E não me pergunte como fui comprar isso no acampamento é antiético.

"Que foi bonito?" Ela disse me olhando.

"Depois te conto magrela." Ela abriu a caixa, sorrindo ao ver o vestido.

"Que lindo, só um minuto vou me arrumar." Eu me aconcheguei mais em sua cama, enquanto ela dava passos rápidos pelo chalé. Comprimi um pouco os olhos quando ela pegou um pedaço de tecido quase da mesma cor vestido. Aquele minúsculo tecido era uma calcinha? Ela o enrolou no vestido.
Parou na porta do banheiro, fazendo um bico.
“Ela costuma demorar quando entra no banheiro.”

A porta do banheiro se abriu, Alice saiu em passos confiantes. Deu uma pequena olhada para mim, sumindo pela porta. Isa a olhava estranhamente depois deu os ombros indo para o banheiro.

Ainda estava constrangido com a situação junto a Alice. As palavras dela ainda martelavam em minha mente. Meus lábios se contorceram com desapontamento. Eu não gostava de machucar a Alice, apesar de não saber o quanto seus sentimentos fossem profundos e puros. De todos os modos não era algo que eu poderia corresponder. E eu continuava me sentido menos gentil. Eu havia sofrido das mãos dela, não era algo que um simplesmente poderia esquecer em uma frase de Eu te amo.

A porta se abriu, Isabella estava linda. O vestido caiu perfeitamente a ela. Sua vergonha com meu olhar fez o sangue pulsar em suas bochechas.

Eu levantei com facilidade da sua cama e dei alguns passos a ate ela, abaixando na sua frente. Exitado e apavorado, meio-agradecido e meio-aflito pela situação desagradável que fez o toque dela uma necessidade, suavemente levantei Isabella do chão a jogando em meus ombros, nossos corpos se tocavam a barriga dela era quente em meu ombro. Eu andava com passos largos para a porta. Ela gritava, e batia o punho em minhas costas. Parei na porta

"Isabella, se você continuar gritando todos os campistas vai ouvi-la. Porque você não coopera? Eu preciso me trocar, mas não consigo ficar mais nenhum instante longe de você, sendo assim você vai ate o chalé de Ares comigo."

Eu analisei o campo estava vazio, ela xingou nas minhas costas, mas a posição que ela tava deixava sua voz estranha, eu fingi que não escutei. Segurei o riso.
Fechei a porta do chalé com o pé e passei por traz dos outros ate chegar ao de Ares.