Chalé de Hefesto

Alexia seguiu até a porta do chalé voltando com uma caixa preta, me entregando.

- Bem supondo que isso seja mesmo verdade e que você confiaria em mim e diria sim e que tudo ate agora estivesse dado certo eu sabia que havia uma barreira que deveríamos atravessar para sair do acampamento.... A primeira barreira são os dedos duros que poderíamos encontrar no caminho e pra isso eu trouxe uma peruca ruiva, um óculos escuro e um vestidinho xadrez pra você e bem... desculpe por ele ser colado e que e mais meu estilo! - abri a caixa olhando os 'acessórios' dentro e fazendo uma careta, aquilo definitivamente não era meu estilo. Peguei o vestido nas mãos e tive certeza de que não me serviria de forma alguma, parecia pequeno demais para entrar em mim - espero que não fique curta...eu sei que você adoraria usar algo seu mais se vamos fazer isso não podemos dar bandeira quando passarmos pelo chalé de Atena! - eu assenti derrotada, bem que preferia usar algo meu ou algo mais 'discreto', mas já que aquilo era o que tinha, seria aquilo mesmo. -Bem pelo que fiquei sabendo vocês fugiram pela floresta, você sabe e decorou qual e o caminho que fizeram não e?

Coloquei o vestido na caixa novamente. - Sim, eu me lembro do caminho.

- Vamos precisar dele para sairmos e pelo que vi do...quero dizer da cena, eles viram de carro e a nossa melhor forma de encontra-los sera na estrada! Não podemos correr o risco de sair pela porta do chalé porque seria obvio demais como escrever na testa "vamos fazer algo errado nos pare!", e também porque somos totalmente diferentes para estarmos andando juntas em publico o que seria mais perigoso ainda para essa missão se fossemos o centro das atenções alheias. - dei de ombros, pegando a caixa novamente.

- Tudo bem, então devemos ir até a estrada. Nós saimos a noite, mas eu me lembro por onde passamos e sendo de dia, devemos chegar até lá mais rápido. Vou me trocar e resolvemos isso logo. - segui em direção ao banheiro fechando a porta e retirando as coisas da caixa. Eu achava que aquele vestido e aquela peruca atrairia mais atenção para nós do que se eu saísse dali como eu mesma, mas não adiantaria discutir agora e vai que por uma sorte mínima as pessoas não reparassem o quão horrível eu ficaria naqueles trajes. Coloquei o vestido, que não ficou tão curto quanto imaginava, afinal aquele deveria ser um vestido da Alexia ou ela arranjou algum do tamanho dela e como ela era mais alta do que eu, o vestido acabou ficando mais 'decente' se pode-se dizer assim. Coloquei a peruca e me virei pro espelho, rindo em seguida, estava estranha demais. Peguei os óculos e sai do banheiro indo até a cama e pegandp uma sandalia sem salto que estava embaixo da cama, já que teria que andar era melhor ir sem salto alto, o melhor seria tênis, mas com aquele vestido não ficaria nada bem.

- Estou pronta. Vamos? - parei ao seu lado colocando os óculos escuros e saindo.

Eu e Alexia entramos pela janela, o que levou um tempo maior do que tivéssemos imaginado, afinal sair é sempre mais fácil e juntar com a caminhada que nós havíamos feito e o quanto eu já me sentia cansada, achei um milagre ninguém ter nos visto. Fechei a janela indo em direção a minha cama e colocando as coisas em cima dela.

“Não parece que alguém nos viu, o que você acha? Só espero que o Lucas estivesse concentrado demais na pessoa com quem ele estava conversando para prestar atenção ao redor.” - O que eu menos precisava agora era de uma bronca de um irmão que já andava bravo comigo. - “Vou trocar esta roupa e já volto.” - Peguei uma calça e uma regata na cômoda e fui ao banheiro.

Troquei de roupa rapidamente e voltei para o quarto. Alexia estava sentada na beirada da cama de Lucas parecendo distraída. Dobrei o vestido que ela havia me emprestado colocando-o junto com as outras coisas em cima da cama.

“Obrigada pela roupa e pelo disfarce.” - sorri imaginando como deveria ter ficado estranha com aquela peruca e os óculos de sol, nada discretos.

Ficamos alguns instantes em silêncio até que criei coragem para tocar no assunto novamente.

“Estava pensando sobre o que nós estávamos conversando antes, sobre os monstros e tal. Você acha que nenhum apareceu e nos atacou porque talvez eles tenham um plano? Sei lá um ataque em massa ou algo assim?” – Alexia me olhou de uma forma que me fez entender que era exatamente isso que ela estava pensando. – “Conseguiriam entrar no acapamento?”

Escutei barulho de passos chegando ao chalé. Eu e Alexia nos entreolhamos, levantando em seguida e nos virando em direção a porta. Me lembrei das coisas na cama, mas antes que eu pudesse fazer um movimento até elas para esconde-las a porta se abriu.

Lucas abriu a porta do chalé de Hefesto. Ele esperava que a amiga de Natalie já tivesse saído. Ele deu uma olhada rápida no recinto, Natalie o olhava com certo espantou. Seus olhos não demoraram na irmã eles caíram na caçadora de Artemis. Ele já havia visto a garota algumas vezes e outras lamentou pela escolha dela.

- Ora, ora Natalie não sabia que você tinha novas amizades, preciso te dizer que suas novas amigas não tem uma reputação muito boa, primeiro a filha de Afrodite, depois uma caçadora de Artemis preciso dizer que as duas são ótimas em ajudá-la a fugir.

O tom de ironia nunca deixou a voz de Lucas, ele caminhou fechando a porta atrás dele, caminhou ate a cômoda pegando uma maça e mordeu indo sentar na cama de Natalie. As duas apenas o encarava ele tirou o tênis e sentou de forma confortável, enquanto estralava o pescoço.

- Como devo lhe chamar, moça? – Ele disse olhando para garota loira, ele a viu ela engolir seco e continuar em silencio. – Bom seja lá qual for seu nome é um pecado você se tornar caçadora de Artemis, um grande pecado. Quando decidir sei lá, deixa isso de lado. Eu ficarei extremamente feliz em ajudar atirar os grilhões que estão preso em seus pés.

Ele deu um sorriso.

- Sabe não é uma boa uma caçadora ajudar uma garota que já esta encrencada se meter em mais encrenca. Você pode ser punida por andar por ai com a má elementa ali

Ele tirou os olhos da garota olhando para Natalie. Esquecendo por completo a presença da garota ali.

- Eu não sei qual a palavra que me define nesse momento, mas posso te adiantar que nenhuma é positiva Natalie. O que diabos você acha que esta fazendo?

Lucas entrou no quarto olhando para mim e para Alexia, era claro que ele nos veria, não sei porque pensei que pudéssemos passar despercebidas. Eu e Alexia trocamos um olhar, sem saber o que fazer exatamente ou o que dizer. Ele havia acabado de confirmar que nos viu voltando ao acampamento, não teria como negar. Eu pensava em como lhe responder quando Lucas se sentou em minha cama e se dirigiu a Alexia.

“Sabe não é uma boa uma caçadora ajudar uma garota que já esta encrencada se meter em mais encrenca. Você pode ser punida por andar por ai com a má elementa ali.” Olhei para ele indignada, eu não era má elementa.

“Eu não sei qual a palavra que me define nesse momento, mas posso te adiantar que nenhuma é positiva Natalie. O que diabos você acha que esta fazendo?”

Cruzei os braços, na defensiva, eu e Lucas não havíamos nos entendido direito desde a minha briga com Melanie e quando voltamos para o acampamento ele estava furioso demais para sequer olhar pra mim e eu não queria contar a ele o que aconteceu, Lucas não entenderia porque eu sai, ele ainda não sabia o que havia acontecido nas semanas que nós ficamos fora.

“Eu estou no meu chalé conversando com uma campista e não estou vendo onde está o problema nisso.” Lucas me olhou, irônico. “Não é da sua conta o que eu estou fazendo Lucas. Você não se importou com a má elementa aqui desde que eu voltei, porque quer saber algo agora?”

Era injusto dizer isso a ele, Lucas tinha motivos para ter ficado furioso comigo e por mais que eu queira pensar que ele não me entenderia eu sabia que a pessoa ali que sempre me entendeu era ele, mas contar a ele tudo o que aconteceu, contar como eu havia sido besta de cair na lábia de um Deus era horrível e eu não queria ver Lucas me julgar. Pensar em Apolo me lembrou que as roupas e o espelho ainda estavam em cima da minha cama, a alguns metros de Lucas.

Olhei para Alexia que apenas deu de ombros como se não se importasse se eu contasse algo ou não. “Eu não sei o que você quer que eu fale Lucas? Quer que eu me desculpe pela confusão com a Mel? Quer que eu me desculpe por ter pego suas coisas e sumido?” Respirei fundo passando as mãos no rosto, afastando as lágrimas que começavam a aparecer. Odiava ser tão fraca, mas odiava mais ainda brigar com ele.

- Ahh e o que você esperava? Que eu estaria aqui para te dar um abraço quando você voltasse? Por Deus Natalie você sumiu da noite para o dia, não deixou nenhuma explicação. – Lucas bateu o dedo acusatoriamente contra o próprio peito – Eu achei por horas que a culpa tinha sido minha. Eu me culpei pelo seu sumiço por todos esses dias. Tentei ligar no meu celular que você roubou e você nem sequer atendeu e agora você quer se fazer de santa para mim?

Ele levantou da cama quase derrubando um espelho marmota de Natalie. Caminhou em direção a ela parando olhando em seus olhos.

- Me poupe do seu drama, eu e você sabemos que não sou de dar tiro em meus próprios pés, eu vi você na floresta. Ou você resolve começar-me falar sobre o que esta acontecendo ou eu juro te entregar para o primeiro instrutor que eu ver.

O nome de Mel o fez ficar com mais raiva.

- Não coloque Melanie no meio, eu e ela terminamos. – Ele parou fazendo uma cara dramática. – A é você não sabe, me esqueci que você tinha ido tirar férias, bom eu te conto quando vocês partiram ela achou justo que eu fiquei do lado de minha irmã, mesmo quando a mesma a xingou. Não me faça me arrepender da decisão que eu fiz por apenas uma birra infantil sua. Não se preocupe com Melanie eu acho que ela nem se lembra dos seus insultos. Talvez ela queira acertar algumas coisas por você levar os dois irmãos delas.

Ele por fim sentiu os olhos da caçadora de Artemis nele.

- Desculpe, não quero ser desagradável. Mas acho que sua visita já foi longe o bastante não me faça mudar de ideia e te entregar também - Ele fez um sinal para a porta e olhou para irmã - Nós conversaremos depois.

Lucas encarou mais uma vez Natalie, depois caminhou para o banheiro, precisava de uma banho.

Ouvir Lucas dizer que me entregaria para os instrutores e que poderia se arrepender de ter ficado do meu lado ou o que quer que seja foi como um tapa na cara e me deixou furiosa. Se ele veio aqui para isso então que ele terminasse seu discurso logo e me deixasse em paz.

“Não fale comigo como se eu fosse uma criminosa. Eu, Isa e Gabe fizemos o que ninguém aqui teve coragem de fazer e eu não me arrependo por isso. Dan está vivo e não é graças a você nem a santa da Melanie. E se você quer me entregar para os instrutores, então faça, eu não me importo.” Lucas me ignorou se dirigindo a Alexia que eu por alguns instantes havia esquecido que estava ali e depois falou comigo novamente seguindo para o banheiro e nos deixando sozinhas.

Respirei fundo tentando me acalmar, ficar discutindo e gritando um com o outro não resolveria nada.

“Sinto muito que você tenha que ver isso e também pela forma como ele te tratou” disse para Alexia “Eu vou tentar conversar com ele e imagino que você não queira ficar no meio de uma discussão.” Sorri fraco “Sinto muito mesmo e obrigada por me levar até lá, sei que não é sua obrigação ter que ficar escoltando as pessoas pra baixo e pra cima por aí. E..eu vou avisar eles sobre as suas suspeitas.”

Fui até minha cama retirando os sapatos e me deitando. Eu sabia que as coisas não seriam fáceis quando eu e Lucas fossemos conversar, eu pensei sobre isso aquelas semanas que ficamos fora, me sentia mal por não ter contado a ele, mas eu não queria mais uma pessoa envolvida e prejudicada por causa de uma ideia minha. Já era ruim ter envolvido Isa e Gabe nisso, não precisava envolver mais ninguém. Lucas sairia daquele banheiro querendo uma resposta, eu não tinha o porque esconder dele, essa não era a intenção, mas o meu lado teimoso estava querendo desafiá-lo e não dizer nada, apenas porque eu estava de mau humor. Ri silenciosamente, é claro, estava prestes a arranjar mais problemas porque Lucas disse coisas que me irritaram, mas que eu sabia que merecia ouvir, o que eu não admitiria para ele.

Abri os olhos e Lucas estava parado perto da cama, de pé, braços cruzados, expressão dura. Apertei as mãos nos olhos "Tá. O que você realmente quer saber?"Ele levantou as sobrancelhas ainda me encarando "Não estou ironizando, nem me fazendo de santa, nem drama e nem birra infantil" O olhei de cara feia. "Só quero saber se você quer que eu te conte de hoje ou que eu conte tudo, desde quando saimos daqui com Dan."

O anúncio da festa deixou a maioria dos campistas animados, até mesmo eu que nunca liguei muito para esse tipo de festa estava animada para participar, o único problema era que eu nunca tive uma fantasia na vida e não fazia ideia de onde arranjar uma e do que me vestir, mas claro que eu tinha a Isa para resolver esses problemas para mim. Quando a procurei essa manhã ela logo se prontificou para me emprestar uma de suas fantasias. Nunca imaginei que alguém pudesse ter tantas fantasias como Isa tinha e de todos os tipos. Depois de olharmos durante algum tempo decidimos (na verdade ela decidiu) que eu deveria por uma mais “tradicional” mesmo, provavelmente aquela era a única fantasia de Isa que poderia caber em mim e mesmo assim ela ainda era diferente de todas as fantasias de bruxa que eu já havia visto. Passamos o resto da tarde escolhendo a fantasia de Isa e aproveitando para conversar um pouco.

Voltei rapidamente para o chalé, tomei um banho rápido, dei uma ajeitada no cabelo para que não ficasse arrepiado e coloquei a fantasia, que acabou ficando mais curta do que eu havia pensado, mas ou era essa ou eu não ia então liguei o foda-se e resolvi não me importar com o que pudessem dizer. Puxei a caixa que estava debaixo da cama com a bota que eu havia comprado a algum tempo atrás e que nunca havia usado e a coloquei.

Peguei a palheta de maquiagem da MAC que Isa havia me emprestado e fui até o espelho fazer a maquiagem. Optei por um tom mais carregado, um olho marcado, preto, o único problema seria fazer o delineado. Olhava para os tons que havia escolhido analisando se aqueles eram realmente os tons certos para se combinar quando a porta do chalé abriu.

Lucas entrou distraído, sorri através do espelho ao vê-lo – Oi. Você não está atrasado não?

Observei Lucas entrar no banho nenhum pouco animado e suspirei. Esse desânimo dele só podia ter um nome: Melanie..mas eu que não ia tocar naquele assunto com Lucas. Voltei minha atenção para o espelho me concentrando na maquiagem. Terminava o delineado dos olhos quando Lucas saiu do banho, com uma parte de sua fantasia já colocada. Sorri ao vê-lo parar ao meu lado no espelho, agora tinha mais certeza ainda de que a fantasia escolhida para ele havia caído perfeitamente.

“Já disse que não vejo graça em festas assim?” Me virei de frente para Lucas enquanto ele colocava as lentes vermelhas “Nathalie eu não vou conseguir pegar ninguém vestido assim. Eu não tenho mais a Melanie, não posso sair assim.” Lucas terminou de colocar sua fantasia e eu não tive como evitar sorrir ao vê-lo pronto. “Sabe que eu tenho percebido? Que você não anda treinando. Posso saber o que esta acontecendo?”

Revirei os olhos, jura que ele queria falar sobre treinamento agora? Me aproximei de Lucas em silêncio fazendo com que ele se sentasse na cama “Desde quando você não gosta de festas Lucas? Você não precisa da Melanie para atrair atenção, você sabe que já atrai naturalmente.” Comecei a dar uma ajeitada em seu cabelo todo bagunçado “E você vai pegar sim garotas vestido desse jeito. Você está o Dimitri strigoi perfeito Lucas, exatamente do jeito que eu e praticamente todas as fãs de Dimitri já o imaginaram. Relaxa ok.” Me afastei dando sinal para que Lucas levantasse. O observei durante uns segundos “sabe que se você não fosse meu irmão eu não te deixava passar sozinho de jeito nenhum” ele me olhou de cara feia “não se preocupe, tenho certeza que as meninas vão gostar.”

Voltei em frente ao espelho para passar o batom “Não ando animada para treinar, não me pergunte o porque já que nem eu mesma sei. Só não estou a fim e também pra que treinar se só vivo enfurnada aqui dentro e com a minha falta de jeito é mais fácil que eu mesma acabe me matando sozinha durante o treino. É melhor ficar quietinha aqui um tempo.”

Parei quieta algum tempo, analisando Lucas pelo espelho “Humm” Lucas me encarou “Posso perguntar uma coisa?” ele me olhou desconfiado, concordando depois de um tempo “Como você está? Sabe..sobre tudo o que aconteceu entre você e a Melanie esses tempos. Sei que a gente não anda lá muito irmãos a um bom tempo desde que eu fugi e não falei com você” mordi o lábio dando um tempo para que Lucas reagisse “é que eu achei você um pouco diferente esses dias e fiquei preocupada.”Eu sentia falta das conversas que tinha com Lucas, acho que tentava naquele momento recuperar um pouco da confiança e da amizade que nós dois tinhamos. De todas as pessoas, Lucas era de longe a mais importante para mim e o que eu mais sentia falta. Ele podia ser um cretino com as mulheres, mas ele sempre foi um ótimo irmão pra mim e eu queria esse irmão de volta.

Já estávamos chegando ao chalé, Sammi estava ao meu lado, puxando assunto. Respirei fundo, ouvindo as palavras da garota, dei um sorriso irônico a mesma, pronta para lhe dar a resposta, de sua pergunta. - Não sou de me surpreender com facilidade... Mas admito, aquela cena foi surpreendente. - Soltei uma risada abafada, eu havia tirado meus saltos, para subir os degraus do Chalé, eu nunca tive paciência para usar saltos, eu preferia All Star, tênis surrado, ou uma bota qualquer que me deixasse a vontade.
Ao adentrar o chalé de Hefesto, caminhei diretamente para minha cama, jogando os saltos por cima dele, me abaixei, ficando por debaixo da cama, para que eu pudesse pegar a mala. - Meu mico? Eu estava em uma festa, de aniversário de uma garota.. - Ergui as sobrancelhas dando uma pausa, pegando a mala, e colocando-a sobre a cama. Continuei.
- Em vez da garota ser o centro das atenções, eu que fui. Subi em cima da mesa e cantei feito doida, com uma garrafa de Vodca em mãos, todos me olhavam e riam de mim. Mas eu ignorei, até eu ri depois, de lembrar o mico na qual passei. - Abri a mala, pegando duas garrafas de vodca, entreguei uma para Sammi, lhe lançando um sorriso, que se formava no canto dos lábios. - Sammi... Gostei de você, é divertida... E olhe, considere-se sortuda, nunca gosto das pessoas. - Soltei uma gargalhada, não tão alta, recoloquei os saltos e sai do chalé, junto de Sammi que estava logo atrás de mim. Sammi parecia ser gente boa, além de ser divertida, eu gostava de pessoas assim, que levava a vida em uma brincadeira, sem ter medo das consequências, bom, ter medo, acho que ela tinha, mas ela transmitia apenas que queria se divertir, e que realmente, não se importava com o julgamento dos outros. Dei um suspiro, já abrindo a garrafa e dando um gole na bebida, agora sim, a festa iria ficar animada.

Estava com uma dor de cabeça insuportável. Adentrei o chalé, e me joguei em minha cama, fitando o teto, eu estava cansada, exausta. Meus olhos ardiam, por não ter conseguido dormir durante a noite. Respirei fundo, tirando uma das botas que eu calçava, e com a ajuda das pontas dos dedos dos pés, pude tirar a outra bota, deixando-a cair no chão. Me embolei nas cobertas, sem mesmo colocar alguma roupa de dormir, e fechei os olhos, respirando com dificuldade. O cigarro estava me fazendo mal, eu sabia disso, assim como todos sabiam e me alertavam, mas eu não dava a mínima, quer dizer, dava, mas ignorava. Eu havia ficado sem fumar e sem beber durante três semanas, e foi isso que me causou a insônia. As bebidas e os cigarros ainda estavam dentro da mala, por debaixo da cama, umas das garrafas de Vodca haviam passado até da validade. Respirei fundo mais uma vez ao abrir os olhos, bem que a presença de Natalie me faria bem agora. Ah agonia por não ter um cigarro entre meus dedos e o gosto da bebida em minha boca, havia voltado, balancei a cabeça, tentando fugir daquele pensamento, mas era impossível pra mim. "Que droga, eu preciso fumar." Levantei da cama rapidamente, e agachei-me no chão, para pegar a mala de baixo da cama, abri o mesmo e peguei um pacote de cigarros, coloquei a mala no lugar, e peguei um cigarro, tragando o mesmo. Fechei os olhos, sentindo o cheiro e o gosto na boca, aquilo era um vício pra mim, sem ele era como se uma parte de mim, morresse.